Juninas encantam o público e levam emoção com histórias de fé e devoção Cultura
Os encantos das quadrilhas estilizadas, as famosas juninas, chegaram ao Ginásio Municipal João Paulo II, e, com elas, um mundo de fantasia, devoção, fé e aventura, que percorreram as veredas do grande sertão nordestino para contar as suas histórias aos quase 4 mil espectadores presentes no local.
Lampião, Maria Bonita e todo o bando tiveram uma atenção especial durante as apresentações.
O Rei do Cangaço foi personificado de diversas maneiras, e o primeiro a mostrá-lo foi o Grupo de Xaxado Nação Cangaço, que contou a história de Virgulino Ferreira da Silva e suas andanças pelo Nordeste, dando a ele uma visão tradicional de suas ações, mas sem tirar as raízes que fizeram dele o temor das volantes e super-herói dos sertanejos injustiçados.
Com uma pegada vinda de Ariano Suassuna em seu Auto da Compadecida, a Canarraiá romantizou um homem amargurado, e “Entre o Céu e o Inferno” fez com que Lampião retornasse do Reino dos Mortos, com apelo de Nossa Senhora, para casar-se com sua amada, a mais bela de todas as cangaceiras, Maria Gomes de Oliveira, a Maria Bonita.
E não é que a personagem nordestina apareceu no clássico do francês de Antoine de Saint-Exupéry?
O Pequeno Príncipe e a sua companheira Raposa contaram com o apoio do Rei do Cangaço para encontrar a Rosa do Sertão, e nessa oportunidade dada pela Junina Lengo Tengo, Lampião foi o guia dessa expedição emocionante, que contou ainda com a participação do piloto, que é a prova de que nunca é tarde para ir atrás dos seus sonhos.
Entrando na seara dos clássicos mundiais, a Renascer no Sertão desbravou o Lago dos Cisnes, do compositor russo Tchaikovsky, para vivenciar um romance utópico dentro da caatinga.
Invejado pela feiticeira Odile, o cisne negro, o amor do príncipe Siegfried e Odette foi dramatizado por toda a Junina, levando a emoção e coroando o renascimento de um final que, na versão original, terminaria em um grande desencanto.
Se por um lado celebrou-se a felicidade do nascimento da “Divina Encomenda”, Das Dores e Firmino tiveram de sofrer e comer o pão que o diabo amassou para que, finalmente, pudessem viver felizes e prósperos.
Para contar esse fatídico drama, a Quadrilha Dona Ciça fez da obra de Fernando Limoeiro um sinônimo de fé e devoção para o público que acompanhou de perto o sofrimento de um casal que uma ruma de filhos perdeu, mas que só pôde ver sua filha “vingar” após receber a benção divina do casamento em uma noite de São João.
E só a fé em Frei Damião fez com que Lindalva se curasse de uma grave doença.
Um apelo de misericórdia de toda a Mandacaru Junina fez com que Cicinho, o noivo da quadrilha, abrisse seus olhos e prometesse ao pároco italiano o fim de seus vícios pela cura e benção de sua amada.
Texto: William Rocha;
Foto: Lucas Ferreira;