Grupo Bem Me Quero transforma a vida de mulheres em situação de violência Arapiraca
Maria Rosa, 57 anos, aposentada, mãe de cinco filhos e avó de cinco netos, conheceu o serviço do Centro de Referência e Atendimento à Mulher em Situação de violência (Cramsv) durante um evento social, com a participação de profissionais do órgão, em 2012. Ela classifica o momento como um dia de bênção e marco de transformação em sua vida.
“Naquele momento eu estava vivendo grandes atribulações, prestes a ser assassinada por meu companheiro. Vivia uma depressão e, no auge do desespero, um de meus filhos me levou até a sede do Cramsv, quando tive a felicidade de ser ouvida, acolhida, orientada e reanimada”, declarou Maria Rosa.
Durante o atendimento, a aposentada foi direcionada para os encontros do grupo de mulheres “Bem Me Quero”, que acontece no próprio órgão, e tem o objetivo de fortalecer essas mulheres. “As profissionais do Cramsv costumam dizer que é um trabalho de formiguinha, mas é de gigante. Eu estou viva. E hoje sou Rosa Maria, uma mulher determinada, por conta de toda a assistência, acolhimento e orientação que recebo delas”, enfatizou a usuária do serviço.
A declaração da aposentada aconteceu durante atividade de lazer, no Sesc/Arapiraca, que faz parte da programação do mês da mulher, promovido pelo município. Rosa Maria declara que vive uma nova fase, de renascimento. Orgulhosa da mulher que redescobriu e da nova história que se permite viver, ela mostra o seu rosto e fala do seu processo de transformação, a partir do momento que tomou conhecimento dos seus direitos, da sua força e desejo por viver feliz.
Ela explica que não foi tarefa simples livrar-se do sofrimento que seu ex-companheiro causou, mas conseguiu. “O sofrimento do meu companheiro me deixou quase incapacitada. Eu tinha medo de enfrentar aquela realidade, dependia dele economicamente. Mas, a cada encontro com o grupo de mulheres, ouvindo aquelas histórias e as orientações profissionais, mais eu me sentia fortalecida para reagir e tomar decisões que determinassem a minha felicidade”, explicou.
Hoje, a aposentada afirma ter consciência da sua importância como mãe, dona de casa e mulher. “Quando despertei, eu queria viver. Voltei para a escola e conclui o ensino médio, um sonho antigo, e isso também me deu liberdade, a do conhecimento. São tantas coisas boas acontecendo. Eu formei meus filhos, me libertei daquele homem ruim, após 18 anos de relação e 12 de sofrimento”, afirmou.
Maria Rosa compara a história da sua vida à lição da borboleta, que ouviu de um professor em sala de aula. Atransformação de lagarta em borboleta é uma das metáforas mais utilizadas para falar de mudança. Apesar da dificuldade e luta para se libertar do casulo, o processo permite que a borboleta fortaleça suas asas e esteja pronta para voar, no momento certo. “Essa mulher, que está aqui agora, é forte. É uma borboleta, que após o sofrimento para se libertar, ganha força e nasce”, completou.
CRAMSV
O Cramsv é um órgão municipal que atende, gratuitamente, às mulheres em situação de violência (física, psicológica, moral, patrimonial e sexual), por meio de uma equipe de profissionais, que inclui assistente social, psicóloga e advogada. Ele está vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Social, através da superintendência de Políticas para a Mulher.
Texto: Aninha Cavalcante;
Foto: Samuel Alves;