Pesquisadores estudam tracoma em cinco municípios alagoanos Saúde
OSWALDO CRUZ
Pesquisadores estudam tracoma em cinco municípios alagoanos
Doença é a principal causa de cegueira de origem infecciosa no mundo; público alvo da pesquisa são, sobretudo, as crianças de 1 a 9 anos de idade
Mary Wanderley
Pesquisadores vinculados a Fundação Oswaldo Cruz iniciaram nessa terça-feira (12) em Santana do Ipanema o Inquérito Internacional de Prevalência do Tracoma no Brasil como problema de saúde pública. A pesquisa formada por 20 pesquisadores das áreas de Enfermagem, Psicologia e Biologia que iniciou o levantamento de dados nas oito comunidades de Santana do Ipanema, segue na sequência, a partir do dia 19, para Carneiros, Olho D’água das Flores, Maravilha e Poço das Trincheiras.
O projeto de Inquérito de Prevalência para Validação da Eliminação do Tracoma como Problema de Saúde Pública no Brasil, causada pela bactéria intracelular Chlamydia trachomatis, sorotipos A, B, Ba e C e se trata de uma infecção inflamatória ocular crônica que, em decorrência de infecções repetidas, produz cicatrizes palpebral, podendo levar á formação de entrópio (pálpebra com a margem virada para dentro do olho) e triquíase (cílios invertidos tocando o olho).
O tracoma continua sendo a principal causa de cegueira de origem infecciosa no mundo e responsável por prejuízos visuais em 1,9 milhões de pessoas, das quais 450 mil apresentam cegueira irreversível. A transmissão ocorre por meio da secreção ocular em contato direto ou indireto com o receptor (toalhas, lenços, fronhas) e ocorre sobretudo em locais com maiores concentrações de pobreza, sendo endêmica em crianças.
O objetivo da pesquisa é traçar uma estimativa da prevalência de tracoma inflamatório folicular em crianças de 1 a 9 anos de idade e a prevalência de triquíase tracomatosa (TT) não conhecida pelo sistema de saúde na população de 15 anos ou mais idade em áreas de risco ao tracoma; dentre outros. Os critérios para a escolha dos citados municípios alagoanos seguiram padrões internacionais e foram usados como parâmetro os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Dentre eles estão às comunidades que vivem em extrema pobreza; difícil acesso a água potável e que estejam inseridas em outras vulnerabilidades sociais. De acordo com a gestora de saúde de Santana do Ipanema, Normanda Santiago, a pesquisa surgiu do fato de o tracoma ser a principal causa de cegueira de origem infecciosa no mundo.
Segundo ela, a doença tem sido negligenciada no país, o que levou as autoridades de saúde pública e estudiosos da área saúde a estudar o assunto visando à validação da erradicação dela no Brasil. A apoiadora técnica do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Alagoas (Cosems/AL), Mirna Vaz, acompanhou a equipe em Santana do Ipanema e ressaltou a seriedade deste estudo e a importância dele para os gestores e técnicos da saúde se aprofundarem no assunto e contribuírem para ajudar as populações inseridas neste contexto e que mais precisam de cuidados por parte do SUS.