Março Amarelo: Saiba o que é a endometriose, doença que afeta uma a cada dez mulheres no Brasil Coruripe
Doença que é comum em mulheres jovens e causa dores intensas na região pélvica
O mês de março é dedicado no mundo todo a campanha Março Amarelo, que é voltada à conscientização da população a respeito da endometriose, doença que afeta uma a cada dez mulheres no Brasil, e de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), atinge cerca de 180 milhões de mulheres em todo o mundo.
A endometriose é mais comum entre mulheres jovens em período fértil, ela ocorre devido ao crescimento inadequado do endométrio, tecido que reveste a parte interior do útero e pode causar graves problemas quando não tratada, em especial dificuldades para engravidar.
Quando a mulher sofre de endometriose, algumas células do endométrio, ao invés de serem expelidas de forma natural pela menstruação, migram no sentido oposto e caem nos ovários ou na cavidade abdominal, aonde voltam a multiplicar-se e a sangrar. As células do endométrio também podem se espalhar e crescer em outras partes do corpo, como no intestino, no reto, na bexiga, no peritônio e até mesmo em órgãos distantes.
A médica ginecologista, que atende no Centro de Especialidades da Prefeitura de Coruripe, Dra. Laura Dantas, explica quais são os sintomas e qual o tratamento adequado para evitar o agravamento da doença.
“A endometriose é uma doença muito comum entre as mulheres, em especial nas jovens, mas ainda pouco diagnosticada. A paciente acometida geralmente sente dores intensas no período menstrual e também fora dele, dores durante a relação sexual e na maioria dos casos tem problemas de infertilidade. É muito importante que a mulher que sente dor ou muito desconforto no período menstrual procure ajuda. Em Coruripe a porta de entrada para esses atendimentos são as Unidades Básicas de Saúde (UBS), em seguida elas são encaminhadas para o Centro de Especialidades. Onde direcionamos, seja para realização de exames ou tratamento clínico, ou para um acompanhamento mais específico no novo Ambulatório Alagoano de Endometriose. O que essa mulher não pode é achar que sentir dores é normal, pois não é, a dor é um sinal de alerta e precisa ser investigada”, salientou a ginecologista.
Sidicleide Santos, de 34 anos, descobriu a endometriose há cerca de sete anos e conta as dificuldades que enfrentou para conseguir fechar o diagnóstico.
“Comecei sentindo muitas dores na barriga, que evoluíram bastante até para o reto e outras partes, quando fui diagnosticada a doença já estava bem avançada. O caminho até o diagnóstico foi bem difícil, pois nem todos os médicos se atentam para essa doença e na maioria das situações, deixam passar as queixas das pacientes. Continuo fazendo o tratamento clínico com remédios até a realização da cirurgia, que ainda estou aguardando”, explicou.
A paciente falou ainda como a endometriose atrapalhou sua vida social e que até hoje não conseguiu engravidar por conta do problema.
“Essa doença acabou paralisando minha vida de certo modo, perdi vários empregos por conta das fortes dores que me impossibilitava de trabalhar e ter uma vida social normal. Tenho 8 anos de casada e nunca consegui engravidar por conta da doença, que além das dores físicas causa muitos abalos emocionais. Quero deixar um conselho para quem suspeita que tem endometriose ou quem já descobriu, que não desista de buscar ajuda e faça isso o quanto antes, pois agora o acesso ao diagnóstico está mais fácil e é muito importante buscar tratamento no início para que essa mulher tenha ainda mais chances de voltar a ter qualidade de vida, o que a endometriose sem tratamento adequado tira”, ressaltou.
De acordo com a coordenadora de Regulação da Secretaria de Saúde de Coruripe, Patrícia Albuquerque, a demanda de mulheres com queixas tem aumentado e é importante que elas busquem atendimento nas UBS’s para que sejam encaminhadas para acompanhamento com especialistas.
“É fundamental que a mulher que tem sintomas que possivelmente pode ser endometriose procure a Unidade de Saúde, após a avaliação ela será encaminhada para o ginecologista, fará os exames e a depender será encaminhada para o novo Ambulatório Alagoano de Endometriose, que foi inaugurado recentemente pelo governo do Estado, em Maceió. O município dispõe de exames de ultrassonografia para ajudar no diagnóstico e também realiza a marcação de ressonância magnética, que é outro exame muito utilizado no fechamento do laudo. Mas é muito importante que essas pacientes procurem ajuda e não achem que sentir dor é normal, só assim conseguiremos ajudá-las”, encerrou a coordenadora.
Ambulatório Alagoano de Endometriose
O primeiro Ambulatório de Endometriose de Alagoas foi inaugurado no Dia Internacional da Mulher, 08 de março e fica no Hospital da Mulher. No novo centro as mulheres alagoanas poderão identificar o problema e realizar o tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). São disponibilizadas consultas, exames de diagnóstico, exames pré-operatórios e procedimentos cirúrgicos, caso haja necessidade.
As pacientes do ambulatório contam com atendimento multiprofissional formado por médicos, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos e nutricionistas. Para ter acesso aos serviços, a mulher deve procurar a Unidade Básica de Saúde (UBSs) onde é atendida, que irá agendar o atendimento por meio do Sistema de Regulação (SisReg).
Os atendimentos acontecem uma vez por semana, com capacidade para realizar assistência a 24 pacientes por dia, totalizando 96 por mês.
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