Mais de 17 mil jovens são retirados do trabalho infantil em Alagoas
O Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Assistência e Desenvolvimento Social (Seades), realizou o III Encontro Intersetorial do Programa de Erradicação do Trabalho infantil (Peti), no Centro de Cultural e de Exposições Ruth Cardoso, Jaraguá. A Associação dos Municípios Alagoanos- AMA- que representa os 102 municípios foi representada pelo prefeito de Quebrangulo e Secretário Geral da Entidade, Marcelo Lima que ressaltou a importância do evento e o trabalho dos prefeitos em oferecer, mesmo com a redução de recursos, condições adequadas de desenvolvimento as crianças, principalmente erradicando o trabalho infantil.
O secretário Fernando Pereira alertou para a responsabilidade que os órgãos públicos e a sociedade civil têm neste contínuo enfrentamento.
“Tanto o Estado como a sociedade civil têm um papel fundamental nessa luta. E é sobre as estratégias necessárias para o combate ao trabalho infantil que nos reunimos neste evento. A partir do encontro, os municípios irão elaborar dos seus planos municipais, que deverão conter ações e metas que visem erradicar a totalidade do trabalho infantil em Alagoas”, disse.
Os planos municipais visam identificar e definir as ações que precisam ser executadas para superar o trabalho infantil a partir da realidade de cada território de abrangência.
“Os multifacetados cenários de violações de direitos de crianças e adolescentes explorados no trabalho, seja na zona rural ou na urbana, impõem aos municípios uma ação imediata de enfrentamento. Essas ações devem estar previstas em seu plano municipal”, explicou o secretário.
Segundo o ultimo censo da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) divulgada pelo Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE), que compara os anos de 2014 e 2015, são 2,6 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos de idade em situação de trabalho infantil e, desse total, 31 mil estão em Alagoas. Em 2014, o número total era 3,3 milhões em todo o país, sendo que 48 mil estavam em Alagoas.
Os números foram apresentados pela integrante da Coordenação Colegiada do Fórum Estadual de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao Adolescente Trabalhador de Alagoas (Fetipat/AL) e assistente social da Seades, Marluce Pereira. Segundo ela, o trabalho infantil se concentra em atividades de difícil fiscalização.
“Sabemos que por conta da fiscalização cada vez mais atuante, o trabalho infantil hoje está em atividades informais urbanas, na agricultura familiar, no aliciamento por tráfico, exploração sexual e afazeres domésticos.”, explicou.
Ainda de acordo com Marluce Pereira, essas formas de trabalho ajudam a perpetuar a ideia de que é melhor uma criança trabalhando do que ociosa, o que contribui para que esse problema seja naturalizado e muitas vezes não percebido.
“É necessário que seja feito um trabalho de sensibilização para que o problema seja percebido pela sociedade e por gestores públicos. Somente com o adequado funcionamento da rede de proteção é que conseguiremos enfrentar e erradicar o trabalho infantil em Alagoas”, disse Marluce Pereira.
Para o conselheiro tutelar José Roberto, o encontro foi uma oportunidade de trocar experiências com outros municípios e fortalecer a rede de proteção a criança e ao adolescente.