Doadoras do Banco de Leite Humano ajudam a salvar vidas de bebês prematuros Arapiraca
Doadoras do Banco de Leite Humano ajudam a salvar vidas de bebês prematuros
Amamentar é um ato de amor. A definição é compartilhada por mulheres que vivem a experiência da amamentação, ao descreverem a ação que une mãe e bebê. E quando, além de alimentarem seus filhos, estendem o nobre gesto para recém-nascidos internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal? Além de amor que ajuda a salvar vidas, o ato reflete a solidariedade com as mães que, por variados motivos, não conseguem alimentar os seu bebês.
A fisioterapeuta Juliana Vieira Bento e a pedagoga Patrícia de Deus Santos não se conhecem, mas as suas histórias representam os dois lados da doação de leite humano. Juliana, que é mãe de Júlia, 2 anos, e Marina, 25 dias, é doadora do Banco de Leite Humano de Arapiraca pela segunda vez. Já Patrícia, é a mãe da Pérola, 6 meses, que recebeu doação de leite materno durante 23 dias, enquanto esteve internada na UTI Neonatal da maternidade do Hospital Regional do Município.
Doação de amor
Sem conhecer a história dos bebês que vão receber o seu leite, Juliana explica que o desejo é de fazer o bem, doando o que produz em excesso. “Eu me coloco no lugar das mães que têm os seus bebês internados em UTI e não conseguem amamentar. E penso: e se fosse a minha filha que precisasse? Entendo que a doação é um gesto simples e que pode salvar vidas”, declarou.
A fisioterapeuta conhece os benefícios do leite materno e confessa que, desde a primeira gestação, já sonhava em amamentar. E, após conhecer o serviço do Banco de Leite Humano (BLH), decidiu que seria doadora. Sobre a experiência, ela conta que a equipe do banco de leite facilita e torna o ato da doação simples.
“Eu recebi todas as orientação, desde a coleta do leite, higienização e armazenamento. Semanalmente, vem uma enfermeira do BLH em minha casa, recolhe o que consegui produzir em excesso, e já traz novo kit, composto por potes de vidros com tampas, touca e máscara. A sensação da doação é de felicidade. O que eu compartilho é tão pouco e, ao mesmo tempo, tão importante para o bebê que está na luta diária pela sobrevivência”, afirmou a fisioterapeuta.
Solidariedade que salva vida
Pérola é uma das crianças que precisou do gesto de amor e solidariedade das mães doadoras. Ela nasceu prematura, com 7 meses, medindo 43 cm e pesando 1.890 kg. Logo depois do parto foi levada à UTI Neonatal. A sua mãe, Patrícia, diagnosticada com gravidez de risco, explica que a fases de gestação e parto foram delicadas.
“Qual mãe não sonha com o momento de carregar o seu filho recém-nascido para casa, após o parto? No meu caso, eu tive que esperar até a minha filha ganhar peso e sair da zona de risco. Foram 23 dias acompanhando a sua evolução clínica. Como eu não conseguia produzir leite suficiente para alimentá-la, contava com o leite da mães doadoras e o serviço do BLH”, justifica, com sorriso no rosto e sentimento gratidão.
A alegria de mãe e filha, durante a entrevista, indicava que estava tudo bem. Patrícia confirmou e justificou que tanta felicidade tem um motivo: Pérola é uma criança saudável, agora está com seis meses e pesando 8 kg. E somente precisa ir às consultas mensais de rotina. A foto que ilustra a matéria é uma, entre tantas outras do álbum da família, que registra o crescimento e desenvolvimento da joia da casa. “Pérola é o meu melhor presente”, completou a mãe.
Quem pode ser doadora de leite?
Sônia Maria Ferreira, bióloga e técnica de enfermagem do BLH de Arapiraca, explica que algumas mulheres, quando estão amamentando, produzem um volume de leite além da necessidade para o seu bebê, o que possibilita que sejam doadoras. Além de apresentar excesso de leite, a mulher deve ser saudável e não usar medicamentos que interfiram na amamentação.
“No caso de Arapiraca, essa doação pode ser realizada no próprio BLH, que fica localizado na rua Padre Cícero, ao lado do 5º Centro de Saúde, nas maternidades dos hospitais, ou solicitando o atendimento domiciliar”, completou a bióloga, afirmando que, com o leite materno, o bebê fica protegido de infecções e diarreias, além de se desenvolver melhor, diminuindo o tempo de internação.
Texto: Aninha Cavalcante;
Foto: William Rocha;