Escola bilíngue de Pilar é destaque em trabalho acadêmico Municípios
Ascom Pilar
Inaugurada na cidade de Pilar em fevereiro do ano passado, a primeira escola municipal bilingue do Norte e Nordeste já é referência para educadores Brasil afora. Prova disso é que o projeto da Prefeitura de Pilar foi lembrado em trabalho de conclusão de curso de MBA em Gestão Escolar pelo PECEGE ESALQ/USP. Aplicadora de certificados internacionais de proficiência em Inglês e professora há quase 30 anos, a autora Erika Verdinassi diz ter se apaixonado pela iniciativa que proporciona o ensino bilingue a 119 estudantes pilarenses do 1º ano do ensino fundamental, defendendo a importância do bilinguismo na educação básica.
E os números só reforçam o alcance do projeto desenvolvido na cidade de Pilar. Apenas 10% da população nacional com idade entre 18 e 24 anos domina a língua inglesa, idioma mais falado do planeta e que, há muito, tornou-se um diferencial competitivo no mercado de trabalho. E quando o público envolve brasileiros que têm entre 30 e 50 anos, a constatação é ainda mais alarmante. Isso porque apenas 3,5% sabem o idioma, segundo levantamento da British Council, organização internacional do Reino Unido para relações culturais e oportunidades educacionais nas áreas de língua inglesa.
“Afirmo, sem demagogia alguma, que o projeto de Pilar vem coroar o meu TCC, que tem como tema ‘O cenário da educação bilingue no Brasil: mitos, crenças e benefícios em ser bilingue’. Eu menciono Pilar como um exemplo a ser seguido, demonstrando a capacidade de o poder público também ofertar o ensino bilíngue. Tenho várias passagens por cursos de idiomas e escolas bilingues de São Paulo, e é muito gratificante saber o quanto o bilinguismo contribui para o desenvolvimento cognitivo. Por isso é que decidi abordar o assunto para, inclusive, desmistificar algumas questões”, explica a professora.
No caso da escola bilíngue de Pilar, um dos requisitos é a frequência mínima obrigatória de 75% no ano anterior ao da matrícula. O estudante oriundo da rede pública deve ser beneficiário do programa Bolsa Família, enquanto aquele que deixou a rede privada precisa comprovar renda familiar não superior a três salários mínimos. Para Erika, tais critérios também evidenciam o viés social do projeto, já que a grande maioria da população brasileira ainda não consegue acessar o estudo bilingue em razão do alto custo desse tipo de aprendizado.
“Sabemos que o estudo bilingue ainda está muito restrito à classe A. São pouquíssimas as pessoas que têm a oportunidade que eu tive de fazer um intercâmbio com apenas dezessete anos de idade. E a ideia do TCC veio da vontade que tenho de retribuir esse apoio. Afinal, assim como fui professora voluntária em cursinho pré-vestibular, em Piracicaba, por seis anos, o poder público também pode, e deve, fazer o seu papel, trilhando a perspectiva de sucesso que o domínio da língua inglesa é capaz de proporcionar, transformando vidas por meio do conhecimento”, reforça Erika, que também é bacharel em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas).
Agora, a expectativa da professora de Inglês é fazer com que sua pesquisa – que será apresentada no próximo dia 23 de janeiro – reverbere para além do mundo acadêmico.
“A iniciativa do prefeito de Pilar [Renato Filho] veio para acabar com a ideia de que o bilinguismo atrapalha o processo de alfabetização. Muito pelo contrário. Vários estudos comprovam que o estudo bilingue proporciona uma série de vantagens, com o aluno bilingue tendo um desempenho até superior em comparação com o monolingue, aprimorando a sua capacidade de raciocínio, de tomada de decisão, entre outros atributos. Os pais desses alunos, inclusive, podem não ter a mínima noção do quão impactante será a experiência de seus filhos, e é exatamente por isso que eles precisam aproveitar ao máximo essa oportunidade. Afinal, o ensino bilíngue veio para ficar, para mostrar que não há mais tempo a perder, como ocorreu a gerações que, hoje, sofrem para conciliar os estudos com a rotina de trabalho, na tentativa de aprender o Inglês e, com ele, recolocar-se no mercado de trabalho”, avalia a professora.
Prefeito de Pilar, Renato Filho, por sua vez, reforça o alcance da escola bilíngue, cuja metodologia não se limita à gramática, permitindo que os alunos aprendam inglês de maneira natural e contextualizada. “Dessa forma, a aprendizagem acontece de forma espontânea e lúdica, proporcionando também o acesso à cultura de outro país. Sempre priorizamos a educação, porque é através dela que o mundo muda e as pessoas aprendem. Hoje, apenas os pais que possuem um bom poder aquisitivo podem matricular seus filhos em escolas bilíngues, mas, no Pilar, a realidade é diferente, porque entendemos que a educação bilíngue vem ganhando força em meio a um cenário que exige cada vez mais capacitação de todos nós”, afirma o gestor.
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