“Este não é um evento de prefeitos e vereadores, é de Municípios”, destaca Ziulkoski durante abertura da XXIII Marcha Municípios
Com entusiasmo de receber autoridades de todo o país, após dois anos sem a realização do maior evento municipalista da América Latina, o presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, foi o primeiro a subir ao palco na solenidade de abertura da XXIII Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios para receber de forma calorosa todos os presentes. Em sua fala, fez um breve histórico das dificuldades enfrentadas pelos gestores municipais ao longo dos anos e do quanto o movimento municipalista vem conquistando espaço no federalismo. O presidente da AMA, prefeito Hugo Wanderley participou da abertura ao lado de vários prefeitos e prefeitas de Alagoas que mantém a tradição desde o lançamento do primeiro evento.
“Eu quero ressaltar momentos importantes para o nosso movimento. Logicamente que eu que participei de todas as Marchas, a primeira quando realizamos aqui em Brasília, fomos recebidos com cachorros no Palácio do Planalto. Os senhores lembram muito bem desse acontecimento, pois prefeitos eram sinônimo de mendigo em Brasília. Nós, a partir daí, começamos a fazer um trabalho forte em Brasília, que, depois de muitos anos, a Marcha que no passado era no sentido de Marcha mesmo, no sentido de bater panelas, isso terminou e estamos aqui de maneira civilizada para discutir o Brasil que nós queremos”, lembrou Ziulkoski.
Para uma plateia de mais de sete mil gestores municipais, Ziulkoski destacou a importância do envolvimento da União no repasse de recursos para os Municípios, além da colaboração do Congresso Nacional na interlocução da defesa dos pleitos locais. “Nós queremos não só na palavra, mas que na prática seja respeitado o pacto federativo. Muitos dizem que é assustador. Nestes anos de Marcha nós conseguimos alavancar para os Municípios e em caráter estruturante R$ 1 trilhão, com apoio do Congresso Nacional. isso é um processo lento, mas necessário para o gestor”, comentou o presidente da CNM.
Seguindo neste sentido, Ziulkoski comentou que este trabalho é um processo em construção. “Quero agradecer ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e ao presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco. Neste ano já estive mais de 15 vezes na casa do Lira, dialogando e construindo a nossa pauta. É um processo longo que vamos ter que continuar, talvez mais 100 anos, mas são coisas concretas”, apontou.
Em acordo com a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, a Confederação conseguiu aprovar o 1% do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), a partir de setembro, que representa 6,5 bilhões de reais. Além disso, um dos maiores avanços para os prefeitos foi a reestruturação da Lei da Improbidade. “Muitos não estão dando atenção. Qual a segurança que tem? Quem hoje quer ser prefeito? Por causa de um trabalho junto ao parlamento, conseguimos regular e isso vai dar uma segurança melhor para vocês administrarem os Municípios”, disse Ziulkoski.
Pisos
O presidente da Confederação destacou ainda a dificuldade enfrentada pelos Municípios com o estabelecimento de pisos salariais para determinadas categorias profissionais, como professores e enfermeiros, por exemplo. “Temos, meus caros, 148 projetos tramitando, criando piso para todos no Brasil. Como que vai se cumprir o piso? E o exemplo na Saúde? Está atrasado, não tem como mais o presidente da Câmara postergar, e nós reconhecemos isso. Eu sei que discordam dos números. O nosso cálculo que vai incidir e que foi muito melhorado no Senado mostra o impacto de 40 bilhões de reais no Brasil. Agora o impacto é de 9,3 bi. Estão aqui no plenário conosco os representantes dos hospitais filantrópicos. São 1800 Santas Casas que têm impacto, segundo a entidade que os representa, 6,3 bi. Quando somamos isso, são 22 bi que vão impactar e nós, os prefeitos, queremos piso dos enfermeiros, queremos valorizar eles. Mas nós estamos fazendo uma emenda para dizer que quem vai pagar por isso é o prefeito. Vamos fazer emenda como fizemos para os Agentes Comunitários”.
Ao final, o presidente da CNM deixou uma mensagem a todos os participantes. “Hoje a Marcha é isso. Estamos em mais de 8 mil pessoas aqui. Com respeito às autoridades e aos candidatos e a quem está aqui conosco, vamos dar exemplo para o Brasil. O Brasil precisa se unir para resgatar moral e dignidade para trabalhar um Brasil ainda melhor”, finalizou Ziulkoski.