No mês de setembro, o mundo se une para conscientizar sobre um tema de extrema importância: a prevenção do suicídio. O Setembro Amarelo é uma campanha global que busca sensibilizar a sociedade sobre os riscos associados ao suicídio, bem como oferecer apoio às pessoas que estão enfrentando crises emocionais. A Associação dos Municípios Alagoanos (AMA) promoveu a edição #10 do seu podcast “Papo de Gestão” para discutir a relevância dessa campanha nos municípios.

Nessa edição especial, a convidada foi Delza Gitaí, reitora honorária da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), representante do Centro de Valorização da Vida (CVV) e membra do comitê estadual de prevenção e pósvenção ao suicídio. A conversa girou em torno da importância do Setembro Amarelo e das ações que podem ser adotadas pelos municípios para contribuir na prevenção do suicídio.

A campanha do CVV, intitulada “acolher”, vai muito além de um simples gesto de receptividade. Ela engloba o ato de receber alguém, aceitar seus sentimentos, ouvir sem julgamentos, e estar disponível para ajudar. Acolher é uma demonstração de cuidado e empatia, e é fundamental para quem está passando por momentos difíceis.

É crucial combater o tabu em torno do suicídio, pois a falta de diálogo e compreensão pode impedir que pessoas que estão sofrendo busquem ajuda. Quando alguém considera o suicídio como uma opção, seus pensamentos se tornam restritivos, e elas têm dificuldade em enxergar outras saídas para seus problemas. Portanto, informar-se e estar disposto a ajudar é fundamental.

Dados alarmantes sobre o suicídio

O suicídio é um problema de saúde pública que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais pessoas morrem por suicídio a cada ano do que por HIV, malária ou câncer de mama, além de guerras e homicídios. No grupo de jovens entre 15 e 29 anos, o suicídio é a quarta principal causa de morte.

Dados do Ministério da Saúde revelam que entre 2016 e 2021, houve um aumento significativo nas taxas de mortalidade por suicídio entre adolescentes de 15 a 19 anos, chegando a 6,6 por 100 mil, e entre adolescentes de 10 a 14 anos, chegando a 1,33 por 100 mil. Esses números são alarmantes e destacam a necessidade urgente de ações preventivas.

As taxas de suicídio variam amplamente entre países, regiões e gêneros. No Brasil, 12,6% a cada 100 mil homens morrem por suicídio em comparação com 5,4% a cada 100 mil mulheres. É importante notar que as taxas de suicídio são mais altas em países de alta renda para homens, enquanto para mulheres são mais altas em países de baixa-média renda.

O papel fundamental do CVV na prevenção do suicídio

O Centro de Valorização da Vida (CVV) é uma organização sem fins lucrativos, reconhecida como de Utilidade Pública Federal, que desempenha um papel crucial na prevenção do suicídio. Fundado em 1962, o CVV oferece serviços voluntários e gratuitos de apoio emocional e prevenção do suicídio para todas as pessoas que desejam conversar, mantendo total sigilo e anonimato.

A instituição, associada ao Befrienders Worldwide, participou ativamente da elaboração da Política Nacional de Prevenção do Suicídio do Ministério da Saúde. Além disso, o CVV disponibiliza o número 188, que funciona 24 horas por dia e sem custo de ligação, para atender aqueles que precisam de ajuda.

Com mais de 120 postos de atendimento pessoal, chat, e-mail e um site dedicado, o CVV realiza mais de 3 milhões de atendimentos anuais, graças ao trabalho voluntário de aproximadamente 4.000 pessoas em 24 estados do Brasil, além do Distrito Federal.

O CVV não se limita apenas a atendimentos telefônicos; a instituição também promove atividades abertas à comunidade que estimulam o autoconhecimento e melhor convivência em grupo e consigo mesmo. Além disso, mantém o Hospital Francisca Júlia, que oferece suporte a pessoas com transtornos mentais e dependência química em São José dos Campos, SP.