Dia Nacional do Ciclista traz reflexões sobre os impactos do modal durante a pandemia Municípios
No dia Nacional do Ciclista, comemorado nesta quinta-feira, dia 19 de agosto, a Confederação Nacional de Municípios (CNM) traz reflexões sobre o impacto do modal durante a pandemia. O aumento de 50% da demanda por bicicleta em 2020 durante a pandemia foi um dos fatores que impactou na utilização do meio de locomoção e representa alternativa muito estimulada em outros países, já que é um modal que reduz o risco de contaminação e contribui no combate às doenças causadas pelo sedentarismo, além de ser sustentável.
Esse aumento em relação a 2019 foi apresentado por uma pesquisa da Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike) com lojistas, fabricantes e montadores. O levantamento mostra uma tendência pela busca de meios de transporte individualizados como alternativa de segurança na pandemia e também devido ao crescimento da demanda de entregas, principalmente por aplicativos.
Um dos fatores que mais preocupam é que, mesmo com a redução na circulação de veículos em 50% no primeiro semestre de 2020, as internações de ciclistas acidentados continuaram com um índice considerado alto, em comparação ao mesmo período de 2019, já que o número de ciclistas acidentados reduziu apenas 13%, segundo o levantamento da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego – Abramet (2020).
O aumento de ciclistas durante a pandemia expõe um outro desafio: a falta de infraestrutura, políticas de redução de velocidade, sinalização e urbanismo tático para o deslocamento por bicicleta, principalmente em rodovias federais e estaduais. Para mudar essa realidade, a CNM entende ser necessário um conjunto de políticas nos três níveis de governo, dentre elas a existência de programas federais para a infraestrutura viária.
Atualmente, os recursos arrecadados com a CIDE combustíveis devem ser aplicados em infraestrutura para o transporte, mas 71% ficam com a União e 29%com os Estados, sendo que, desses, 25% são direcionados aos 5.568 Municípios. Os recursos da CIDE, além de não serem continuados, já que o governo federal pode zerar a contribuição, ainda são insuficientes para investir na infraestrutura viária municipal, pois os Municípios possuem 91,6% da malha brasileira sob sua responsabilidade e, deste percentual, 89,4% não são pavimentados, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A CNM acompanha projetos de lei apresentados para incentivar e dar mais segurança para o uso das bicicletas no trânsito e alguns já viraram leis, como o programa Bicicleta Brasil (Lei 13.724/2018), uma conquista municipalista em 2018 que prevê o direcionamento de recursos para infraestrutura de bicicleta nos Municípios.
O Grupo Gestor da Estratégia Nacional da Bicicleta – formado pela entidade municipalista e por diferentes organizações – e o Grupo de Trabalho, liderado pelo Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) e pela União dos Ciclistas do Brasil (UCB), tem como objetivo criar diretrizes para a regulamentação do Programa Bicicleta Brasil (PBB).
Ações emergenciais de mobilidade
Cidades em todo o mundo têm implementado ciclovias temporárias para viabilizar deslocamentos seguros durante a pandemia da Covid-19 e evitar que usuários do transporte coletivo migrem para carros e motos. Aos poucos, a prática ganha corpo na América Latina, inclusive no Brasil. É uma oportunidade para fortalecer a mobilidade urbana por bicicleta – mas, para isso, é preciso que as intervenções emergenciais incorporem boas práticas de segurança viária.
Acesse o material sobre infraestrutura temporária para bicicleta: CNM – Confederação Nacional de Municípios | Comunicação