Restaurante de Piaçabuçu se reinventa para superar crise na pandemia Economia
Um dos principais atrativos do Bar do Siri, que fica localizado no município de Piaçabuçu, extremo sul de Alagoas, é o Rio São Francisco, mas, segundo a proprietária do restaurante, Dayana dos Santos, é o sabor da típica culinária alagoana que garante o intenso fluxo de clientes registrado no local, principalmente aos finais de semana. Em dezembro, o Bar do Siri completa 12 anos de existência e de lá pra cá o restaurante foi passando por uma série de mudanças para melhorar o atendimento ao público.
A empresária Dayana dos Santos explica que o Bar do Siri já existia quando os pais dela decidiram investir no negócio, mas com uma proposta bem diferente da que o restaurante tem hoje. “Naquela época, o restaurante era, na verdade, um bar e trabalhava mais com petiscos e bebidas. Meus pais alugaram esse restaurante e os antigos donos resolveram vender. Então, meus pais tiveram interesse em comprar e a partir desse momento a gente mudou ele totalmente, ou seja, a gente mudou aquela visão que muitos tinham e o restaurante se tornou um ambiente bem familiar”, recorda.
Atualmente, Dayana é formada em Administração e, segundo ela, a compra do restaurante influenciou a escolha do curso. “Quando meus pais decidiram comprar eu decidi fazer Administração porque seria o curso mais interessante naquele momento, já que a gente pegou uma coisa sem saber como funciona. E um restaurante requer muita coisa. Quando eu comecei a faculdade, eu fui começando a entender melhor o papel do administrador. Administrar uma empresa é muita coisa. Tem o financeiro, a parte de Recursos Humanos, o estoque, são muitas áreas”, conta.
Dificuldades
A falta de estrutura e de dinheiro para comprar mercadorias ou até mesmo novos utensílios para o restaurante foi o principal desafio enfrentado nos primeiros anos do negócio. “No início, a gente não tinha capital, a gente não tinha nada de utensílios. Então, a gente foi trabalhando e comprando, a gente foi se organizando aos poucos, mas foi muito difícil. A medida que o restaurante ficava mais conhecido, ele foi ficando mais movimentado. Então, a gente ‘ralou’ muito, teve momento que a gente precisou esperar o cliente terminar de comer para recolher, lavar os pratos e servir outras pessoas. A gente tinha que trabalhar para repor as mercadorias”, relembra a empresária.
Em meio a tantas dificuldades, a empresária Dayana dos Santos teve a oportunidade de, por meio da Rede Empresarial Caminhos do São Francisco, ter acesso a ações desenvolvidas pelo Sebrae Alagoas. Ela relata que, além de realizar um diagnóstico no restaurante para avaliar o que a empresa poderia fazer para se posicionar de forma mais competitiva no mercado, a instituição sugeriu algumas consultorias que poderiam ajudá-la a pôr em prática algumas melhorias dentro do estabelecimento.
“Eu procurei o Sebrae porque sozinha eu não estava conseguindo cuidar de tudo. Então, o Sebrae veio me ajudar a organizar porque estava bagunçado e eu não sabia por onde começar. Depois do diagnóstico, eu comecei a fazer consultorias e até hoje faço consultorias através do Sebrae. Já fiz diversas consultorias, como licenciamento ambiental, projeto arquitetônico, fluxo de caixa, plano de marketing, boas práticas de manipulação de alimentos, formação de preços e estou fazendo uma consultoria de presença digital”, detalha.
“As minhas vendas caíram 95% durante a pandemia”
Depois de superar dificuldades com o apoio do Sebrae Alagoas e de consolidar clientes, o Bar do Siri passou por um dos momentos mais difíceis dos últimos 12 anos. Em março, com a chegada da pandemia do novo coronavírus, o restaurante teve de fechar as portas.
“Como o restaurante fica depois de Piaçabuçu, a maioria dos clientes é de Penedo, Arapiraca e Maceió. Então, o meu público-alvo seria dessas regiões, e devido às barreiras sanitárias o acesso dessas pessoas ao restaurante foi dificultado” relata Dayana.
De acordo com a empresária, no período mais crítico da pandemia, o faturamento da empresa teve uma redução de quase 100%. “Ficamos na expectativa de que depois de quinze dias tudo começaria a voltar ao normal, mas não foi o que aconteceu e a gente ficou sem saber o que fazer. As minhas vendas caíram 95%. Tinha dia que a gente não conseguia vender nada. Normalmente, aos domingos, a gente conseguia vender mais ou menos 30 almoços. Nesse período, de segunda a domingo, a gente não conseguia vender cinco almoços; vender cinco almoços às vezes era muito”, descreve.
Antes da retomada gradativa das atividades econômicas, a empresa acumulou dívidas e teve dificuldade para manter funcionários. “A gente sofreu muito. Foi muito difícil para manter funcionário, tivemos prejuízo com mercadorias. No Carnaval, fizemos estoque de mercadorias e de repente vem a pandemia e fecha tudo, ou seja, ficamos com diversas dívidas e como o restaurante estava fechado não sabíamos como pagar. Além disso, apesar das promoções, muitas mercadorias venceram porque o pessoal não frequentava, o movimento caiu bruscamente”, lamenta.
Planos para o futuro
Com a normalização do fluxo de clientes, Dayana planeja fazer uma reforma no restaurante para melhorar ainda mais a experiência do cliente e ampliar o espaço. “O meu restaurante precisa ser reformado. Estou com um projeto arquitetônico e estou planejando reformar através de financiamento. Porque se for por conta própria vai demorar muito, mas a única solução vai ser essa: a gente vai precisar trabalhar para construir aos poucos. O ambiente hoje está necessitando muito de outra estrutura. A gente está recebendo clientes e existe uma exigência. Então, a gente quer acomodar melhor os nossos clientes e o espaço está se tornando bem pequeno. A gente precisa ampliar”, comenta.