SAAE de Penedo: Serviço Autônomo de Saúde e Segurança do Trabalhador Municípios
Coleta de lixo contaminado e uso de EPIs são algumas das medidas que revolucionam a vida de trabalhadores que atuam num serviço essencial à população
Quarenta anos atuando num serviço essencial para a população, o Sistema Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) da cidade de Penedo, ali, pertinho do gigante Rio São Francisco, sempre soube cuidar da água distribuída aos seus quase 65 mil habitantes. Mas a preocupação com quem coloca a mão na “água”, por assim dizer, só agora começa a seguir a parâmetros preocupados com a saúde e a segurança do trabalhador.
A cidade, famosa por seu conjunto arquitetônico tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), implementa práticas modernas e relevantes, sobretudo por se tratar de uma cidade do interior, distante 140 km da capital, Maceió, lugares onde quase sempre esse tipo de trabalho é executado de forma rudimentar.
Coleta de lixo contaminado, uso de EPIs em setores que manipulam produtos químicos, são algumas das medidas aparentemente simples, mas que trazem uma nova realidade aos 114 trabalhadores, um pequeno exército que atua em Penedo, onde a fiscalização não consegue alcançar as irregularidades com tanta frequência.
“Tomamos medidas simples, sem investir milhões. Com isso, estamos preservando a vida dos nossos colaboradores. Como consequência, mantemos o bom funcionamento operacional na distribuição da água aos milhares de penedenses que moram nas zonas urbana e rural”.
A fala acima é de Francisco Souza Guerra, diretor-presidente do SAAE/Penedo. Com as preocupações de um procurador municipal, cargo que acumula na cidade, assumiu o comando da empresa municipal no final de 2016, colocando em prática diversas mudanças num curto espaço de tempo.
“A saúde e a segurança do trabalhador deve vir em primeiro lugar. Quando assumi a gestão do SAAE encontrei uma série de riscos iminentes. Não vou tecer críticas aos gestores passados. Se estou aqui, vou fazer meu trabalho e corrigi-los”, ponderou Guerra.
ETA: Um campo minado
Um dos riscos ao trabalhador era na Estação de Tratamento da Água (ETA). Toda a área oferecia riscos. Os servidores cuidavam da purificação da água nos tanques sem que existisse guarda-corpo como proteção. Além dos fossos estarem sem grandes, podendo um trabalhador despencar de uma altura de até oito metros.
“Com a ajuda também dos servidores pontuamos todos os riscos iminentes. Eles estão todos os dias aqui, ninguém mais que eles para identificar. Na área de tratamento da água foram três riscos. Não existia guarda-corpo nas piscinas e grades nos fossos. E no laboratório, as caixas de dosagem do flúor e sulfato de alumínio não existiam tampas. Além do odor, o produto químico também ficava circulando no ambiente em forma de uma leve poeira, apesar do uso das máscaras de proteção”, explicou o diretor-presidente.
Um ambiente insalubre em que as condições favoreciam ainda mais os danos à saúde dos trabalhadores. As três falhas foram corrigidas. Todos os tanques receberam guarda-corpo, os fossos receberam grades e as caixas de dosagem foram tampadas. Desta forma, os riscos foram excluídos.
Descarte indiscriminado de embalagens tóxicas
Com mais de 40 anos operando na distribuição da água em Penedo, o SAAE não tinha contrato com empresa responsável pela coleta do lixo contaminado.
As embalagens dos produtos químicos usados no tratamento da água (flúor e sulfato de alumínio) eram descartadas indiscriminadamente com o lixo doméstico.
“Em tempos de preservação do meio ambiente esse foi um problema grave que jamais poderia ocorrer. Logo que detectei, iniciei o processo de contratação de uma empresa responsável por coletar e incinerar o lixo. A empresa disponibiliza bombona [recipientes para colocar o lixo contaminado] e uma vez por mês todo o lixo contaminado é levado e outras recipientes deixados”, explicou.
Casa de Bombas e sinalização da planta
A planta do Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Penedo é grande, funciona dentro da área urbana e abrange ainda um terreno de sítio.
Na autarquia, hoje, os setores estão todos sinalizados. O que não acontecia no passado.
O engenheiro de Segurança, Antônio João, alerta para a importância de uma área bem sinalizada e organizada, pois indica e sinaliza diversas observações que passam despercebido até mesmo para quem conhece o local, que pode evitar acidentes e até a morte.
“A sinalização é importante em todas as áreas. Elas indicam, ou proíbem atitudes involuntárias em subestações elétricas, postos de combustíveis, trânsito, no supermercado, etc. E a falta dela ou a colocação incorreta também podem trazer danos. Por isso, tudo deve ser feito seguindo normas técnicas, as chamadas NBR’s, que determinam parâmetros técnicos como tamanhos, cores, símbolos, etc”, observou.
Estação de bombeamento mais segura
Outro setor que estava funcionado com alguns problemas era a Estação de Bombeamento. Os comandos elétricos das bombas estavam em local sem refrigeração. As bombas estavam com vazamento de água e os eixos sem a cobertura de proteção, item obrigatório de segurança. A lista de medidas adotadas é grande.
“Imaginem um operador de bombas elétricas trabalhar com alta tensão e o piso molhado. Resolvemos isso colando drenos nas bombas para evitar o gotejamento no chão. Mandei confeccionar as coberturas de proteção dos eixos. E a sala de painéis instalamos dois refrigeradores, que funcionam de forma alternada. Um dos painéis apresentou problemas, um curto-circuito. Tivemos que gastar R$ 30 mil com a compra de um novo e a montagem de todos os comandos, por falta de refrigeração”, afirma Guerra, comemorando os resultados.
“Reduzimos drasticamente diversas falhas. Apesar do pouco tempo. Algumas ainda existem. Mas, vamos continuar trabalhando para alcançar a excelência. A saúde e a segurança do nosso trabalhador devem vir sempre em primeiro lugar. Não há dinheiro no mundo que pague uma vida. Enquanto eu estiver aqui, um funcionário vai retornar para sua casa e rever sua família a salvo”, finalizou o diretor-presidente do Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Penedo (SAAE), Francisco Guerra.
Com a palavra, o trabalhador
Entre tantos servidores que assistem a essa nova realidade, Diógenes Ferreira, 34 anos, oito deles atuando na Estação de Tratamento de Água (ETA), Diógenes Ferreira, destaca o fato de estarem sendo seguidas normas técnicas.
“Estou há anos trabalhando nesta função. Vários administradores passaram por aqui, e o atual, apesar do pouco tempo, implementou várias melhorias, seguindo as normas técnicas brasileiras. Desta forma, trabalhamos confiantes que estamos seguros. Setores ofereciam riscos, hoje foram sanados”, comemora o trabalhador, cuja fala mostra a importância da segurança no ambiente de trabalho.
“Quero sair para trabalhar e ter a certeza que vou retornar bem”, disse.