Cosems discute em audiência pública da ALE tratamento de câncer em Alagoas Municípios
A secretária de Girau do Ponciano e uma das diretoras executivas do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Alagoas (Cosems/AL), Gorete Santana, representou a entidade na audiência pública proposta pela deputada estadual Jó Pereira que aconteceu na Assembleia Legislativa de Alagoas na tarde dessa segunda-feira (4). A pauta sobre O Câncer e o Diagnóstico, Tratamento e Registro Compulsório lotou o plenário com representantes de diversas instituições interessadas no debate da temática.
O diagnóstico tardio e o número crescente de óbitos foi um dos pontos mais debatidos na audiência. A diretora do Cosems, Gorete Santana, ressaltou as dificuldades dos usuários em ter acesso aos serviços; na continuidade do tratamento na linha de cuidado do câncer e destacou o apoio do Cosems em discutir propostas de melhorias para esta Rede. A deputada Jó Pereira destacou que o tratamento do câncer nos pacientes de Alagoas não está acontecendo com a eficiência e a eficácia necessária para salvar vidas.
“A ALE aprovou uma emenda orçamentária que disponibiliza para 2018 um montante de R$ 100 milhões para aplicação exclusiva na Oncologia. Precisamos voltar os olhos para a Atenção Básica, acompanhando e capacitando os profissionais. É necessário que se faça o registro compulsório desde os primeiros exames, pois as pessoas que estão na ponta ainda morrem por falta de tratamento”, alertou a parlamentar.
A apoiadora técnica do Cosems, Kathleen Moura embasou esta preocupação com uma apresentação detalhada da Rede de Oncologia, principais dificuldades relatadas pela gestão municipal da saúde em Alagoas. A técnica expôs o passo a passo para a realização da consulta; a rede de serviços especializados para Oncologia; e as dificuldades enfrentadas pelo gestor ou profissionais dos municípios no acesso a consultas e tratamentos.
Pela pesquisa, 38% tem dificuldade de marcação de consulta e exames via Sisreg; 62% após a entrada do paciente com suspeita de câncer no serviço de referência (Cacon ou Unacm) tem identificado dificuldades para o fechamento do diagnóstico; 85% tem dificuldades na continuidade da assistência ao usuário com câncer; 51% observou aumento nas judicializações para Oncologia em seu município; e 94% aponta a necessidade de qualificação para os profissionais da Saúde para melhor acolher e assistir ao paciente oncológico.
O médico oncologista Raphael Porquato traçou um comparativo de tempo de espera para o início do tratamento do paciente com câncer no Brasil e em países como Canadá, Reino Unido. Enquanto no Brasil o tempo oscila de 77 a 89 dias; no Canadá apenas 6 dias e no reino Unido 15 dias. “Nos próximos 5 anos 40% da população vai morrer de câncer porque não há política pública para o diagnóstico precoce da doença”, advertiu o especialista, questionando os subsídios que são direcionados às instituições e pediu mais controle delas.
O depoimento da paciente com câncer de mama, Mônica Melo, que ainda não conseguiu iniciar o tratamento emocionou a plenária. Ela contou que descobriu o tumor em outubro do ano passado e em novembro o diagnóstico não deu câncer e em janeiro outro exame detectou a doença. Mônica disse que não conseguiu começar o tratamento mesmo com todos os exames prontos e recorreu à Casa Rosa (entidade filantrópica) que a acolheu.
“Não comecei ainda o tratamento por falta de medicamento e o Hospital Universitário marcou o início para esta quinta-feira (7). Os médicos nem querem mais ver a minha mama de tão feia que está e não querem tocar para não machucar. Eu cheguei a doar meus três filhos para minha irmã, mas tenho fé que Deus vai tocar o coração de alguém para me ajudar”, desabafou a paciente sem conseguir conter o choro.
A deputada Jó Pereira lamentou que a lei dos 60 dias para o início do tratamento não esteja sendo cumprida em Alagoas e se comprometeu a acompanhar o tratamento junto com o sub defensor público geral do Estado, Carlos Eduardo Monteiro, presente na audiência. Ele relatou que anteriormente a Defensoria registrava 70 atendimentos por dia e hoje saltou para 120 somente na área da Saúde. A primeira causa é a falta de medicamentos; a segunda a de suplementos alimentares e a terceira; internações e transferências hospitalares.
O secretário executivo de Ações de Saúde da Sesau, Paulo Teixeira, destacou a importância de organizar a Rede de Atenção às Pessoas com Doenças Crônicas do SUS, uma vez que, segundo estimativas, em 2025 o Brasil terá mais de 30 milhões de indivíduos com 60 anos ou mais, sendo que 85% deles apresentará pelo menos uma doença desta natureza.
Ficou acordada a formação de um grupo de trabalho para acompanhar e discutir o plano de ação estadual para aplicação da emenda orçamentária de R$ 100 milhões – de autoria da deputada estadual Jó Pereira – para o tratamento de oncologia em Alagoas. O grupo deve ser composto por representantes do Cosems/AL; das ONGs, Conselho Estadual de Saúde; Sesau e SMS de Maceió e de Arapiraca.
ASCOM ARAPIRACA