Exposição “Biblioteca Forrozeira” evidencia vida e obra de Severino do Papel Arapiraca
Exposição “Biblioteca Forrozeira” evidencia vida e obra de Severino do Papel
Este ano de 2018 tem sido bem peculiar para a família Firmino da Silva.
Ao invés da agenda lotada de shows durante o São João, o que quase pode se ouvir em pensamentos e preces é a nostalgia misturada com a saudade do mestre Severino do Papel.
O saudoso músico nos deixou beirando as 6h de uma quarta-feira que não parecia que ia chover: dois dias antes, ao lado de sua banda Forrozão Me Leva Que Eu Vou, bem no Dia dos Namorados, Severino Firmino da Silva estava com tudo no palco: o sorriso no rosto, pedindo para a sanfona não parar e o peito repleto de graça aos 86 anos. E como gostava de viver!
Por causas naturais, o “papel” se dissolveu – como tudo que se nasce e se transforma – na presença dos familiares em sua casa na Rua José Cícero de Queiroz, no bairro Santa Esmeralda, em Arapiraca.
Homenageando esta grande figura da nossa cultura popular, a Prefeitura de Arapiraca, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, Lazer e Juventude, organizou a exposição “Biblioteca Forrozeira” no rol da Casa da Cultura, no Centro.
A abertura se deu nesta segunda-feira (11) durante o lançamento do “Aravantu: uma seleção de tradição”, com toda a programação do São João 2018. No ensejo foi dada pelo prefeito Rogério Teófilo uma placa à sua família, referenciando o seu legado.
“É bom demais! Se Severino estivesse aqui, ele estaria cantando, com certeza. Ficamos muito gratos por este ato e que a nossa Cultura nunca morra”, diz, emocionada, uma das filhas dele, Laura Firmino.
A mostra – que reúne pertences, letras rascunhadas, CDs, fotos e momentos de sua trajetória – ficará aberta para o público amante de forró até o fim neste mês junino.
Esboço
A terra de Manoel André foi o berço tardio de Severino do Papel, onde ergueu sua família – são seis filhos ao todo – e pôde realizar o seu sonho de virar cantor.
Sua vida se iniciou em Sertânia, interior pernambucano, de um romance entre os pais agricultores. A data era 2 de julho de 1931 quando veio ao mundo.
Teve uma infância como a de muitos nordestinos em tempos idos. Trabalhou na roça até os seus 18 anos, sempre ouvindo causos e músicas do cancioneiro da nossa rica terra.
Em 1950, foi para o Exército Brasileiro. Um ano depois, arriscou-se no Recife como vendedor. Sua estadia por lá deu tão certo que, em 1958, encontrou e se casou com o amor de sua vida, a dona Rita Firmino da Silva, professora estadual de mão cheia.
No início da década seguinte, virou motorista de táxi e, com a experiência diária sendo adquirida, Severino partiu para novos horizontes em 1970 e 1980 como caminhoneiro.
Foi então quando conheceu, enfim, Arapiraca e se estabeleceu por aqui como comerciante, abrindo sua própria firma de representação para todo o estado de Alagoas.
Sempre agradecido a Deus por tudo que teve, aos 60 anos de idade, lhe veio a oportunidade de se tornar músico: um sonho que conduziu seus desejos tal qual ele percorreu as estradas da vida até então.
Com um forró pé de serra abalizado na sanfona, zabumba, triângulo e ganzá, ingressou nesse intento tocando em festas, shows e programações juninas até que teve a chance de apresentar seus dotes na Europa.
Em 1994, levou a nossa cultura popular tradicional para os palcos das cidades de Paris, na França, e Berlim e Freiburg, na Alemanha, graças à intervenção de uma de suas filhas, a musicista Laura Firmino, que morava por lá.
Assim que retornou ao Brasil, em 1995, formou o Forrozão Me Leva Que Eu Vou, que lhe acompanhou em suas performances. Em 1998, com sua produção executiva, Severino do Papel lançou um CD com todas as suas composições autorais.
De lá para cá, foi só alegria, animação e fole roncando. Seu ofício era o cantar, o poetizar a beleza da efêmera vida que nos é ofertada.
Ele pegou o lápis da História e escreveu seu próprio universo. Foi e viveu muitos papéis em vida.
Para nós, será sempre o ícone Severino.
Confira a programação “Aravantu: uma seleção de tradição”:
16º Concurso de Resgate às Tradições Juninas
12/06 ~ 20h ~ Arraiá Vila São José (Vila São José)
15/06 ~20h ~ Arraiá Itapicuru (Itapicuru)
16/06 ~ 20h ~ Arraiá Matuto Macho (Jardim Esperança)
17/06 ~ 20h ~ Arraiá Mandacaru (Vale do Perucaba)
18/06 ~ 20h ~ Arraiá Capiatã (Capiatã)
19/06 ~ 20h ~ Arraiá Massaranduba (Massaranduba)
20/06 ~ 20h ~ Arraiá Poção (Poção)
21/06 ~ 20h ~ Arraiá Santa Edwiges (Santa Edwiges)
22/06 ~ 20h ~ Arraiá Arrocha o Nó (Jardim Esperança)
23/06 ~ 20h ~ Arraiá Gonzagão (Baixão)
24/06 ~ 20h ~ Arraiá Itapoã (Itapoã)
25/06 ~ 20h ~ Arraiá Lengo Tengo (Brasília)
26/06 ~ 20h ~ Arraiá Canarraiá (Canafístula)
Cultura na Praça Especial de São João (Centro)
11/06 ~ 9h ~ Praça Luiz Pereira Lima
18/06 ~ 9h ~ Praça Luiz Pereira Lima
25/06 ~ 9h ~ Praça Luiz Pereira Lima
Mercado do Artesanato Margarida Gonçalves (Centro)
15/06 ~ 20h ~ 2 trios pé de serra
16/06 ~ 19h ~ 1 trio pé de serra + Coco dos Gomes
17/06 ~ 20h ~ 1 trio pé de serra
22/06 ~ 20h ~ 2 trios pé de serra
23/06 ~ 19h ~ 1 trio pé de serra + Bastinho da Sanfona e Banda Xamego e Xodó
24/06 ~ 20h ~ 1 trio pé de serra
28/06 ~ 19h ~ 1 trio pé de serra + Milena Araújo
Quadrilhas Estilizadas (apresentações)
18 a 22/06 ~ 18h ~ Arapiraca Garden Shopping
22/06 ~ 16h – Jomart
2º Concurso Cultural de Culinária Junina
23/06 ~ 16h ~ Arapiraca Garden Shopping
Concurso da Rainha do Milho
24/06 ~ 16h ~ Arapiraca Garden Shopping
Concurso das Quadrilhas Estilizadas
27/06 ~ 18h ~ Ginásio Municipal João Paulo II
Dona Ciça, Lengo Tengo, Renascer do Sertão, Canarraiá e Mandacaru
Grande Show Aravantu (em frente ao Ginásio Municipal João Paulo II, no Centro)
29/06 ~ 20h ~ Forrozão do Mago Véio + Jordão e Banda + Pascoal
Apuração dos Arraiás
30/06 ~ 19h ~ Resultado do 16º Concurso de Resgate às Tradições Juninas
Texto: Breno Airan;
Foto: Samuel Alves;
Link: http://web.arapiraca.al.gov.br/2018/06/exposicao-biblioteca-forrozeira-evidencia-vida-e-obra-de-severino-do-papel/