Cooperativa alagoana faz sucesso com produtos derivados da jabuticaba Municípios
AgroNordeste-AL estimula beneficiamento de alimentos produzidos por agricultores familiares para acrescentar valor à atividade, programa também atende micro e pequenas empresas
O doce sabor da jabuticaba inspirou a criação de novos produtos na Serra das Pias, em Palmeira dos Índios, interior de Alagoas. Com o apoio do programa AgroNordeste-AL, desenvolvido pelo Sebrae, a Cooperativa Mista de Produção e Comercialização Camponesa do Estado de Alagoas (Coopcam), criada em 2010, vem transformando o fruto em doces cristalizados, geleias e compotas. A cooperativa também trabalha para o lançamento de um vinho derivado da fruta.
A produtora rural Salete Barbosa é secretária da cooperativa, que reúne mais de 40 famílias e cultiva diversos tipos de frutas e verduras. As jabuticabeiras destes produtores são centenárias e cuidadas com zelo pelos cooperados. “Vimos nas receitas de doces com jabuticaba, que aprendemos nas receitas de família, uma oportunidade de gerar renda, produzindo geleias, compotas e doces cristalizados. O Sebrae começou a nos ajudar lá atrás, quando queríamos otimizar o processo e evitar o desperdício. Um dos produtos que vem dessa ideia, de zerar desperdício, é o doce da casca da jabuticaba cristalizado, que teve uma excelente aceitação”, explica.
A geleia de frutas vermelhas da região produzida pela Coopcam tem feito sucesso. Além da jabuticaba, que é a estrela da receita, ainda são adicionadas acerolas e hibiscos, que também são cultivados na Serra das Pias. “O Hibisco foi uma novidade para nós, cultivamos há pouco tempo, mas ele dá um sabor todo especial à geleia, junto com a acerola. São as frutas vermelhas da região que surpreendem o paladar”, assinala a produtora.
Vinho
Outro produto que está sendo desenvolvido é o vinho de jabuticaba. As famílias da região e os cooperados já produziam uma bebida alcoólica à base da fruta nas datas comemorativas. Era uma espécie de licor e cada família tinha sua receita própria. Há alguns anos, a Coopcam começou a produzir a bebida com uma receita de 1978, mas o que eles queriam era produzir vinho e não um licor de jabuticaba. Foi aí que o Sebrae, mais uma vez, ajudou a cooperativa a inovar.
“Começamos em 2020, depois de uma consultoria da Companhia dos Fermentados, lá de São Paulo, que fez parte do trabalho do Sebrae conosco. Eles nos ensinaram a desenvolver a receita do vinho de jabuticaba. Aprendemos o processo de fermentação, envase, rotulagem e hoje estamos com um produto com menor teor alcoólico do que o vinho produzido com uvas e com um pouco mais de acidez”, detalha.
Ela destaca que há dois tipos de vinho de jabuticaba produzido pela Coopcam: o seco e o suave. E para manter a qualidade dos produtos, os cooperados produzem as frutas num processo sem uso de insumos nem aditivos. Os produtos são comercializados no Espaço Camponês, às margens da rodovia AL-115, em Palmeira dos Índios. Salete frisa a importância do Sebrae para a Coopcam. “As consultorias do Sebrae foram e são essenciais para nós. O Sebrae tem sido um parceiro para toda hora”, declara.
Fazendo a diferença
Pollyanna Bellotti, analista do Sebrae, explica que, no caso da Coopcam, a consultoria da instituição veio para buscar alternativas de combate ao desperdício. “O AgroNordeste-AL chega aos empreendedores para ampliar o rol de produtos oferecidos pelo cliente; proporcionar para os integrantes da oficina a utilização dos alimentos da agricultura familiar, alimentos oriundos da biodiversidade visando o empreendedorismo sustentável; e estimular a venda de alimentos da agricultura familiar e biodiversidade no mercado/comércio local”, afirma.
Segundo ela, na Coopcam, o trabalho principal foi realizar oficinas de capacitação, na modalidade presencial, para padronização de produtos artesanais oriundos da agricultura familiar e da biodiversidade local. O programa estimula o beneficiamento dos alimentos produzidos por agricultores familiares e micro e pequenas empresas em geral para acrescentar valor à atividade e ainda oportunizar impactos sociais, ambientais e econômicos.
Dentro das metas do desenvolvimento sustentável, o projeto busca aumentar a produtividade agrícola e a renda dos pequenos produtores de alimentos da agricultura familiar, buscando reduzir a fome e incentivar a agricultura sustentável, gerar trabalho decente e crescimento econômico, além de reduzir as desigualdades sociais.
“A comercialização requer produtos competitivos e ajustados à legislação de alimentos, por isso a importância do beneficiamento, em conformidade com as boas práticas de manipulação de alimentos. Entretanto, para a inclusão no mercado atual, se faz necessário a sensibilização sobre a importância dos alimentos oriundos da sociobiodiversidade local, destacando seus processos artesanais”, revela a analista. Ela destaca que, para ter acesso às iniciativas que fazem parte do projeto AgroNordeste-AL, é necessário ser produtor rural formalizado com CAF (Cadastro Nacional da Agricultura Familiar) ou NIRF (Número do Imóvel na Receita Federal).
Neste projeto, o Sebrae busca promover o desenvolvimento de geração de emprego e renda para a região do semiárido alagoano nos segmentos de avicultura, apicultura, caprinocultura de leite, fruticultura e horticultura. Também precisa estar no território do projeto, que são os municípios de Mata Grande, Pariconha, Água Branca, Inhapi, Delmiro Gouveia, Olho d’Água do Casado, Piranhas, Senador Rui Palmeira, Maravilha, Poço das Trincheiras, São José da Tapera, Carneiros, Santana do Ipanema, Dois Riachos, Olho d’Água das Flores, Olivença, Monteirópolis, Pão de Açúcar, Jacaré dos Homens, Belo Monte, Batalha, Major Isidoro, Jaramataia, Craíbas, Estrela de Alagoas, Palmeira dos Índios, Igaci, Mar Vermelho, Coité do Nóia, Limoeiro de Anadia, Arapiraca, Belo Monte, Girau do Ponciano e Lagoa da Canoa.