Levantamento da CNM mostra preocupação com a redução na cobertura vacinal de crianças e adolescentes Municípios
O mais recente levantamento feito pela Confederação Nacional de Municípios (CNM) publicado nesta quinta-feira, 2 de fevereiro, alerta para a preocupante diminuição na cobertura vacinal de rotina de crianças e adolescentes de mais de 1 a 14 anos entre os anos de 2007 a 2021, o que coloca em risco os avanços obtidos com o Plano Nacional de Imunizações (PNI). A pesquisa – realizada com base em dados divulgados pelo Ministério da Saúde – indica queda na procura de oito imunizantes que totalizam 12 doses e fazem parte do esquema vacinal dessa faixa etária.
A pesquisa analisou as coberturas vacinais de rotina dos imunobiológicos poliomielite (reforço), DTP (reforço), varicela, tetraviral, hepatite A, HPV meninas, HPV meninos e meningocócica ACWY. Do total de 12 doses analisadas, oito nunca atingiram a meta de cobertura entre 2007 e 2021. Também foi calculada a variação da cobertura entre o período de 2010 a 2021. Levando em conta esse cenário, 8 doses tiveram variação negativa no período, exceto o segundo reforço da poliomielite, a hepatite A, a varicela (segunda dose) e a meningocócica ACWY.
Uma das quedas mais acentuadas ocorreu na busca pela vacina Tetraviral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela), que foi de 42,3% (2.355) em 2014 para 0,3% (17) em 2021 o percentual dos Municípios que conseguiu alcançar a meta de 95% da cobertura vacinal. Esta vacina deve ser aplicada aos 15 meses de idade. Ela corresponde à segunda dose da Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) e à primeira dose da varicela e foi incluída no PNI em setembro de 2013.
Reduções bruscas
Incluída em 2014 no PNI e utilizada na prevenção do câncer do colo do útero em esquema de duas doses, a vacina contra Papilomavírus humano (HPV) tem meta de cobertura de 80% e deve ser aplicada em meninas e também foi autorizada a imunização de meninos dos 9 aos 14 anos.
Entretanto, a cobertura vacinal do HPV para o sexo feminino foi atingida apenas em 2014, ultrapassando 100% e houve redução nos anos seguintes, chegando em 2021 a 13,6% a primeira dose deste imunobiológico. Ainda para o HPV feminino o percentual de Municípios que atingiram meta de cobertura foi de 92% dos Municípios para a primeira dose em 2014, chegando a menos de 1% dos Municípios a partir de 2016 a 2021. Quanto à cobertura para os adolescentes do sexo masculino, a meta nunca foi alcançada desde a incorporação da vacina.
Risco de reintrodução
Em 2007, 52% dos Municípios conseguiram alcançar a cobertura vacinal para a poliomielite primeiro reforço e, em 2021, o estudo mostra queda para somente 16% dos Municípios que alcançaram a meta mínima para evitar o retorno da poliomielite no Brasil, doença que causa a paralisia infantil e que pode levar à incapacidade e à morte de crianças.
Diante do cenário de sucessivas quedas, a CNM recomenda ao Ministério da Saúde a reformulação urgente do Sistema de Informação do Programa Nacional de Vacinação, com o correto planejamento das ações municipais para a reconquista das coberturas vacinais de rotina. O estudo com todos os recortes da cobertura vacinal pode ser acessado aqui.
Foto: Prefeitura de Juiz de Fora (MG)